Parábola do Fermento

Redator: Luiggi Cavalcanti (NEPE FEPB)

“Outra parábola lhes falou: O reino dos Céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu três satas* de farinha, até estar toda fermentada a massa.” (Mt 13:33)

* medida hebraica para coisas secas.

– Contribuição de Pastorino:

Inicialmente, Pastorino chama a nossa atenção para o objetivo da pedagogia do Cristo em associar as duas parábolas – semente de mostarda e fermento – para esclarecer que a edificação do Reino dos Céus é um processo de labor interno e gradual. Desse modo, não é algo que se encontra pronto, solene, imponente e tampouco uma localização geográfica como pensaram a princípio os apóstolos e muitas vezes nós.  Podemos esclarecer essa ideia com uma sequência de três etapas:

– Semente -> interior da terra -> Grãos para os pássaros/frutos para os homens

– Fermento -> interior da massa -> Pães para os homens

– Reino dos Céus -> Interior do Homem -> Disseminação do bem

Esses três elementos, por sua vez, consistem em:

1) Um elemento da natureza singelo, pequeno, que é utilizado como comparação ao Reino dos Céus;

2) O local, lugar que este é inserido e trabalhado;

3) O benefício, o resultado de um processo exitoso de levedamento/maduração;

– Notemos que o final do processo em todos os casos é o serviço. Quando o reino de Deus é consolidado em nossos corações, mais facilmente e profundamente podemos ajudar os outros, já que temos a experiência, e esse seria o resultado mais notável: a prática sublime da virtude caridade em nosso entorno!

No entanto, atenção, pois elencamos 4 pré-requisitos indispensáveis para quem almeja prestar o vestibular do curso de edificação do Reino dos céus nos corações:

1) A humildade;

2) O campo fértil;

3)  Vontade;

4) Respeitar o tempo de Deus;

Portanto, o processo de edificação do reino de Deus inicia-se pequeno, interior e sobretudo humilde, já que a humildade é o melhor e maior remédio contra o orgulho. Ressalta-se que pelo fato de ser interior não é dependente de cultos, liturgias, coroamento mundano de valores, mas sim de labor oculto. A vontade seria o nosso motor interno para colocarmos isso na prática. O campo precisa ser fértil, de modo que seria contraproducente insistirmos veementemente para que as pessoas se transformem moralmente ou, por exemplo, iniciem na doutrina espírita (é necessário sermos pacientes) e isto nos remete ao quarto e último ponto: respeitar o tempo de Deus! Afinal, como ele finaliza muito bem, citando um trecho da carta de Paulo aos Coríntios: “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus quem fez crescer”.

– Contribuições e comentários acerca da abordagem de Huberto Rohden:

Três aspectos característicos da ação do fermento no homem: a ação silenciosa, constante e infalível.

Relembremos que silenciosas são todas as coisas grandes e sublimes. O que é grande dispensa deslumbrantes cartazes e propagandas, ou seja, para quê buscarmos plateia, aplausos externos a todo o momento? Lembremo-nos de Chico que foi a personificação da humildade. Sendo assim, o homem pode ser subdivido em três categorias, a saber:

1) O homem primitivo -> infância psicológica (muito ruidoso);

2) O homem intelectualmente erudito -> poder de articulação e discurso rebuscado, mas essas palavras, muitas vezes, não são revestidas de sinceridade, vez que não vivem o que praticam;

3) O homem silencioso -> atua com humildade e é vigilante nas suas palavras e atitudes.

– Quando estamos em conflito, o barulho dentro da gente é grande. Por outro lado, ter o silêncio dentro da gente, com uma consciência reta e harmonizada é sermos bem-aventurados.

– Exemplo: no filme “Maria Madalena”, o silêncio é bem presente para retratar a mensagem de Jesus. Os apóstolos entram nas cidades fazendo muito barulho para anunciar o Mestre e, em contrapartida, Jesus caminha em completo silêncio e serenidade.

– Aclarações de Emmanuel acerca do fermento:

Emmanuel traz que a nossa própria vida é uma oficina de modelagem, um fermento espiritual. E os nossos pensamentos consistem a exteriorização dessa fermentação espiritual.

Portanto, faz-se imperioso concentramos a vigilância acerca dos nossos pensamentos que originam:

Palavras;

Frases escritas;

Atitudes;

Ressalta-se, porém, que esses três pontos, mesmo parecendo de certa forma inofensivos, inexpressivos, eles geram influência, um molde mental no nosso meio e portanto com aqueles que nos comungam a experiência. Dessa forma, temos que trabalhar no nosso campo mental em primeira instância para modelar e levedar melhor não só na gente, mas em nosso entorno, não nos olvidando que isso consiste à base do fenômeno de semelhança/afinidade magnética.

De modo a concluir esse rico e profundo estudo, finalizaremos com um trecho da mensagem do Huberto Rohden no livro “Assim dizia o Mestre” que constitui a nossa meta: O ser humano divinamente levedado!

“O homem divinamente levedado já não se abate e acabrunha em face de acontecimentos provindos das adversidades da natureza ou das perversidades dos homens, porque tem o seu centro de gravitação em outras regiões, inacessíveis a esses agentes externos: considera todos os eventos com certa leveza e serenidade, e pode até sorrir calmamente em face duma tragédia que, outrora, o teria levado ao desespero.”